O solo é um ecossistema complexo que abriga uma diversidade impressionante de microrganismos. Essa comunidade microbiana, desempenha papéis essenciais na manutenção da saúde do solo e na sustentabilidade dos sistemas agrícolas. São responsáveis, por exemplo, pela decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, fixação de nitrogênio, supressão de doenças e promoção do crescimento das plantas. A interação entre os microrganismos do solo e as plantas é complexa e dinâmica, influenciada por uma série de fatores ambientais, como temperatura, umidade, pH e disponibilidade de nutrientes.
BioAS: Avaliando a saúde biológica do solo
A bioanálise dos solos (BioAS) é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa para avaliar a saúde biológica do solo, complementando as análises tradicionais de fertilidade. Essa técnica baseia-se na medição da atividade das enzimas arilsulfatase e β-glicosidase, que estão associadas aos ciclos do enxofre e do carbono, respectivamente e de índices de qualidade do solo (IQS), calibrados em relação à produtividade e matéria orgânica.
Para entender como a BioAS funciona, é crucial compreender o papel dessas enzimas. A arilsulfatase está envolvida na mineralização de compostos orgânicos contendo enxofre, enquanto a β-glicosidase está relacionada à decomposição de compostos orgânicos complexos, como celulose e lignina. A atividade dessas enzimas reflete a capacidade do solo de ciclar nutrientes e decompor matéria orgânica.
Essas enzimas foram escolhidas devido à sua sensibilidade às condições do solo e à sua capacidade de refletir a atividade biológica. Apresentaram grande sensibilidade para detectar alterações no solo em função do sistema de manejo e possuem uma estreita relação com a matéria orgânica, parâmetro base da qualidade de um solo, e o rendimento de grãos. Adicionalmente, não são influenciadas pela aplicação de fertilizantes e corretivos.
Uma inovação importante atrelada ao uso da BioAS é o cálculo de índices para avaliar a qualidade dos solos. Temos o IQS FERTBIO, que é calculado com base nas determinações dos atributos de fertilidade química (pH, H+Al, Ca, K, P, Mg e matéria orgânica) e nas enzimas arilsulfatase e β-glicosidase. Pode ser decomposto em dois subíndices: o índice de qualidade química do solo (IQS QUÍMICO) e o índice de qualidade biológica do solo (IQS BIOLÓGICO). Essa subdivisão do IQS FERTBIO permite diferenciar solos quimicamente similares, mas biologicamente distintos. Isso ressalta a importância de considerar não apenas as propriedades químicas e físicas do solo, mas também seu componente biológico para uma avaliação completa da qualidade do solo.
Os resultados da BioAS são interpretados com base em valores de referência estabelecidos para cada enzima. Valores elevados indicam uma maior atividade enzimática e, portanto, uma melhor saúde do solo, enquanto valores baixos podem ser indicativos de práticas de manejo inadequadas que comprometem a atividade biológica do solo. Além disso, com base nas determinações de atividade enzimática e nas propriedades químicas, são avaliadas três funções relacionadas à capacidade do solo promover a nutrição das plantas: a capacidade do solo de ciclar, armazenar e suprir nutrientes.
A coleta de solo para BioAS pode ser realizada de forma similar à análise química, na época de pós colheita e na camada de 0 a 10 cm, onde a atividade biológica é mais intensa devido à influência das raízes das plantas.
Análise metagenômica do solo: revelando a diversidade genética
A análise metagenômica do solo é outra abordagem importante para estudar a qualidade da microbiota do solo. Essa técnica utiliza marcadores moleculares para identificar os microrganismos presentes no solo e inferir sobre sua funcionalidade. Com o uso da bioinformática, é possível comparar os genomas dos microrganismos do solo com bancos de dados genômicos, fornecendo uma visão detalhada da diversidade genética do solo.
Os resultados fornecem informações sobre a abundância relativa de diferentes grupos taxonômicos, bem como sobre os genes funcionais envolvidos em processos importantes, como fixação de nitrogênio, decomposição de matéria orgânica e interações planta-microrganismo (potencial para promover o crescimento das plantas e protegê-las contra patógenos).
Ao integrar os resultados da análise metagenômica com dados de BioAS e outras análises do solo, os agricultores podem obter uma compreensão abrangente da qualidade do solo e dos fatores que influenciam sua produtividade. Essas informações podem ser usadas para desenvolver estratégias de manejo mais eficazes, visando promover uma microbiota do solo saudável e sustentar a produtividade agrícola a longo prazo.
A utilização de fertilizantes organominerais na agricultura é um exemplo de prática que impulsiona a qualidade biológica dos solos. Os organominerais desenvolvidos pela Meregefert são uma combinação de nutrientes minerais e matéria orgânica de qualidade, proporcionando não apenas os nutrientes essenciais para as plantas, mas também contribuindo para o estímulo da atividade biológica. A presença de matéria orgânica nos fertilizantes organominerais serve como substrato para os microrganismos do solo, aumentando sua diversidade e intensificando sua atividade. Consequentemente o fertilizante da Meregefert tem o potencial de promover uma microbiota do solo saudável, contribuindo para a ciclagem de nutrientes, decomposição da matéria orgânica e supressão de doenças.
Através da análise dos quatro últimos ensaios realizados por instituições de pesquisa e em áreas demonstrativas, comparando o desempenho entre o manejo mineral convencional e a aplicação do nosso organomineral, observamos aumento no rendimento das culturas. Destaca-se, especialmente, o incremento de 7% e 14% na atividade das enzimas arilsulfatase e β-glicosidase, respectivamente. Esses resultados demonstram claramente os benefícios proporcionados pelos fertilizantes organominerais da Meregefert, não apenas em termos de produtividade, mas também na promoção da qualidade biológica e regeneração dos solos.
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